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Posts Tagged ‘Praça da Bandeira’

Júlia voltou de um city-tour por BH toda animada.
-Mãe, você esqueceu de colocar o caderninho de anotações na minha mochila.
-Então você conta como foi que a gente anota agora. Onde você foi?
-Péra aí, deixa eu pensar… Na estação de metrô.
-Qual o nome?
-Não lembro. Péra aí, tem Vila Oeste, Gameleira… (Tentando lembrar as estações)
-Vou colocar essas então, aí a gente põe “etc”
-NÃO!!!! Não pode colocar “etc” no relatório!
-E você lembra mais de alguma?
-Carlos Pratos!
-Prates!
-Quê?
-Carlos Prates, filha. E onde vocês foram mais?
-Deixa eu lembrar… Teve o restaurante da Zinha, Zica, alguma coisa assim. Eu repeti o coraçãozinho, tava bom. Mas não põe isso no relatório não!
-Ok… O que mais?
-A gente viu a Praça do Papa, tem aquela escultura, sabe, que representa o Deus que manda no homem, ou o homem que manda no Deus, sei lá… Você vai andando e enxerga um triângulo, tem que observar bem, sabe?
-Hum… – respondo, sem ter a mínima noção do que ela está falando.
-Teve a praça da Bandeira, mas a gente não desceu. Teve a Praça da Liberdade…
-Ok! – e eu escrevo “Vimos a Praça da Bandeira e a Praça da Liberdade…”
-NÃO, mãe!!!! A gente desceu na Praça da Liberdade!
-Então, filha… Vocês viram a Praça… Tá bom, tá bom, descemos na Praça…
-Isso. Deixa eu lembrar… Teve o aeroporto da Pampulha. A gente viu 2 aviões decolando e 1 helicóptero descendo, mas não era num heliponto. Ah, e o moço falou que teve um acidente lá, na barragem de vidro, que morreu um monte de pessoas, e que foi em mil novecentos e alguma coisa.
-Barragem de vidro? Como assim, barragem de vidro?
-Não sei, mãe, ele que falou…
Paro e penso como vou colocar isso no relatório. Não coloco. Falo só dos aviões e do helicóptero, assim é melhor.
-Ah, mãe, a gente lanchou no Museu de Artes, teve um cara lá que fez umas esculturas, uns desenhos, uns prédios, não sei, um negócio lá pra Pampulha, que ele foi contratado pra fazer, sabe?
“Será o Niemeyer?” – penso, com minha cabeça já dando nó, coitada.

Minutos depois, leio o relatório. Minha conclusão? A de que não conheço Belo Horizonte. Ou a de que minha filha mora em alguma outra cidade, lá no mundo das crianças de 8 anos.
Conclusão número 2? A importância de um caderninho. Nunca mais ando sem um na bolsa! 🙂

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