Que delícia era o mês de junho para a nossa Karol. Pula fogueira, balão de São João, pé de moleque para a moleca… Ninguém segurava Karol no sexto mês do ano. Aliás, como você bem sabe, pois certamente já leu meus posts anteriores, ninguém conseguia segurar a menina em mês nenhum! Mas junho era o mais animado, e Karol ficava ainda mais danada, se é que isso é possível.
– Sua filha está andando em cima do muro.
– Como é??? – perguntou a mãe da Karol, do outro lado do telefone, assustada com aquela mensagem da vizinha que a interrompia em pleno dia de trabalho.
– Está lá, desfilando em cima do muro com o vestido da festa junina.
– Vai cair!!!!
– Foi o que eu falei, mas a menina não me ouve não. Se bobear, já caiu.
E lá ia a mãe de Karol largar o trabalho para dar um jeito na filha, apelando para São Pedro para que aquele mês acabasse rápido.
Mas nem São Pedro, nem Santo Antônio, nem mesmo São João davam jeito na garota, ainda mais com a competição de quadrilhas que marcava a temporada. Karol ia toda linda, de vestido armado, parecendo um abajour. Naquele ano, ela seria a noivinha, e seu vestido branco lembrava um algodão doce repolhudo. Mas onde é que estava o algodão doce na hora da quadrilha começar?
– Ninguém sabe, ninguém viu.
Foi assim que responderam para a aflita mãe da Karol. Só que antes mesmo dela continuar a procurar por sua filha, seu coração gelou. É que lá na frente, do outro lado da rua, ela viu um ponto branco, um branco gordinho que nem um abajour, no meio da copa da árvore, que balançou, balançou…
– VAI CAIR!
E caiu. Caiu que nem manga madura em pleno mês de junho. Caiu porque ninguém segurava a Karol, e isso não é novidade para você. A novidade é que nada de grave aconteceu, e ela seguiu dançando, de vestido sujo, mãos e joelhos ralados, mas muito, muito, feliz.